terça-feira, 14 de junho de 2011

Ser excelente em matéria de gastronomia é um DOM...

       Queridas leitoras e leitores do Tô Nude...

       Motivado pelo incentivo da Pri e pelos milhões de comentários(rsrs!) das pessoas que leram as opiniões, bem pessoais sobre alguns restaurantes que visitei, confesso que desde aquele dia, não parei mais de pensar no assunto...
       Desde criança, gosto de escrever. As pessoas geralmente acham o que escrevo engraçado. Aliás, é muito comum ouvir das pessoas que a minha leitura permite viajar mentalmente e até ver a cena que descrevo. Esse tipo de coisa me é muito gratificante,  embora não tenha qualquer pretensão literária. Aliás, cada vez mais, com a idade, não quero ter pretensão é de nada kkkk. Viva a humildade com sabedoria :-) e a certeza “de que muito pouco eu sei, eu nada sei...”, como nos versos do Almir Sater ou na voz deliciosa da Bethania.
      Confesso também que reconsiderei minha postura, sem perder a essência, jamais, ao criticar algum lugar que, naquele momento, não foi muito feliz para mim. Tá. Não vou deixar de ser bem azedinho, ácido, cítrico ou venenoso mesmo, hehehe! Sorry...está no DNA, nasci em setembro, fazer o quê?
   Achei muito legal a colocação do Osvaldo, em suas palavras bem sábias e equilibradas, lembrou que a finalidade do Tô Nude... não é criar polêmica, mas algo muito mais leve, divertido e informativo, onde podemos fazer amigos e fofocas, e, principalmente, em se tratando de nossa paixão por restaurantes (e cafés, padarias, confeitarias, comidinhas, enfim!), “o mais importante é saber onde comer bem”.  As considerações do Osvaldo me trouxeram de volta ao objetivo de eu gastar o meu (e o seu) precioso tempo para escrever e ler sobre restaurantes!
      Assim, decidi escrever hoje sobre um lugar muito, mas muito famoso mesmo. Um lugar que passei vários anos ensaiando para ir e sem muita coragem, por alguns preconceitos que acometem a todos nós, seres humanos, de vez em quando... E, se você for do tipo ansioso, esqueça, porque só vai saber do resultado da visita beeeeem mais tarde rsrsrs!
     Acho que toda pessoa que adora comer bem fica curiosa quando um lugar é famoso demais, falado demais. Fica sempre aquela dúvida: será que vale a fama? E aquela terrível certeza: vai custar muito caro. E se for uma roubada? (Sim, já passei por poucas e boas, mas isso serão outros capítulos).
     Assim como fico super curioso com os restaurantes 3 estrelas do Michelin Rouge, também vivia querendo saber se o tal mega famoso restaurante que decidira visitar era tão espetacular como a mídia especializada costuma dizer. E a mídia internacional também, ou seja, deveria haver algo ali, afinal não estaria entre os melhores do mundo, senão fosse bom... Olha a dica aí, gente!
      Por algumas entrevistas que assisti do chef responsável pela restaurante em questão, tive uma impressão muito positiva... sabe aquele cara que você não conhece, mas que parece ser suuuuper gente boa? Então...talvez, pela forma simples e empolgada de falar, pelo conteúdo de suas colocações, sempre interessantes e inteligentes, sempre tive a impressão de tratar-se de alguém muito criativo e perfeccionista.
     Mas, traumatizado por ter me decepcionado totalmente com lugares famosos e seus chefs estrelados (principalmente em SP e BSB), sempre estampados nas páginas das revistas e jornais, não quis dar muito crédito... No expectations, no disappointments – you know... Afinal, como já disse, o que mais me convence num restaurante é a C-O-M-I-D-A! Ponto. Não vou a um restaurante para ver o ambiente. Para isso, vou (não vou!) à Casa Cor. Não vou a um restaurante para dançar (embora em Brasília muita gente vá num restaurante porque a música é boa e é badalado (???!!!), pasmem....). Para dançar, vou prá night. Vou num restaurante para comer! Básico assim.
     Foi assim que me dirigi ao restaurante em questão, armado até os dentes de meu senso crítico peculiar dos detalhistas nascidos em setembro. Sim, leitor, finalmente, em 2010 resolvi ligar para a Central Ourocard Visa e ver se o saldo disponível para compras a crédito me possibilitava encarar o tal restô, na certeza (confirmada posteriormente) de que estaria jantando num dos lugares mais caros do mundo.
Curiosos?  Só mais um parágrafo, ok?
     Primeiro, tenho que esclarecer que não não gosto de comida contemporânea. Sou bem tradicional, adoro uma carne acompanhada de carboidrato, de preferência que o prato individual não tenha menos que 300 g de peso (ou melhor, massa, no conceito da Física). Ou seja, sou glutão mesmo, odeio o binômio “preços estratosféricos e massas moleculares” kkkkk. Sem trocadilhos! Nem com a cozinha molecular do Ferran Adrià nem com a massa molecular da Química! Gosto é de prato farto mesmo! Aquele risoto impecável, correto, acompanhado de uma boa carne, aquela costelinha de porco derretendo, com tutu de feijão, arroz com alho, couve na manteiga e coisas deliciosas assim...
      O restaurante? O D.O.M!!! O chef? Alex Atala
      Pensava que no D.O.M (acrônimo da locução latina Deo Optimo Maximo), não encontraria nada disso. Esperava encontrar espumas de plantas exóticas da Floresta Amazônica e pupunha em toda a parte rsrsrs. Esperava que os pratos fossem quase kardecistas, no sentido de que beiravam a fronteira do plano espiritual, de tão pequenos, quase invisíveis... Foi uma grata surpresa!

Acho que eu andava meio traumatizado com algumas experiências muito mal sucedidas com os tais “contemporâneos” e os “fusion”, especialmente os de Brasília. 
E assim eu, pessoa comum, mais um filho de Deus, convenço meu amigo taurino, chegado aos prazeres da boa mesa (dentre outros que esses taurinos são chegados rsrs) a me acompanhar à aventura gastronômica.

Chegamos ao número 549 da Barão de Capanema, nos Jardins, de táxi, por dois motivos bem básicos: queria beber e não ia dirigir e o segundo, não tão básico, fiquei preocupado em entregar ao manobrista qualquer carro que não fosse um Porsche Carrera e me deparar com aquele olhar de reprovação e quase condenação, ao qual fui submetido em outro restaurante mega famoso em Sampa... Trauma! Medo mesmo!
    

Sabe, leitor, aquele momento em que você espera se deparar logo na entrada do restaurante com a Hebe Camargo, o Eike e ainda o Justus, todos na mesma noite?   O Eike tomando aquele Château Lafite Rothschild, que custou 140 mil euros, que prá ser aberto vem um sommelier com 200 medalhas pregadas no uniforme, a Hebe bebendo uma Louis Roederer Cristal, 1990 e o Justus bebendo uma Krug Millésime Vintage 1969 e vc, na mesma ocasião, e só vai pedir um Chandon? 
E vc pára de rir de mim! Eu já expliquei: Trauma! Mas, nem isso tudo junto me impediu de ir... Fui!
    O
 restaurante, cujo projeto arquitetônico é do Ruy Ohtake, é muito bonito. Não sei falar muito sobre “interior design”, mas posso garantir que não é um ambiente que intimida, nem over, mas sim muito elegante e agradável.



     Passada a tensão da chegada, fomos conduzidos à nossa mesa e lá vem ele, o sommelier. Ao contrário do que ocorreu noutro super famoso de Sampa, onde o sommelier me tratou feito um sei-lá-o-quê quando pedi um espumante brasileiro (e naquele restaurante eles demoraram 35 minutos para trazer a garrafa!), no D.O.M. o sommelier não fez cara de quem ia vomitar! Nem precisei oferecer a bromoprida que carrego no bolso. Ao contrário, os garçons foram logo trazendo o couvert e rapidinho o espumante chegou. 
Sim, leitor, havia no D.O.M., no dia em que fomos, vinhos por menos de R$ 100 a garrafa! E foi assim que ele sugeriu que o melhor custo-benefício não seria a marca Chandon, mas um argentino (sorry!).
      Acatamos a sugestão, 
mas ao servirem, estava na temperatura errada! Não sou nenhum expert, mas sei que assim como uma boa cerveja se toma geladíssima, também o espumante deve ser servido a 8 graus Celsius ou o seu equivalente na Escala Reumur ou Farenheit kkk. E esse não estava mesmo, independente da escala de temperatura usada. Relevei, porque com o tempo no balde ele ia ficar mais gelado, o que, estranhamente, não aconteceu... O vinho não tinha o perlage, aquelas bolhas tão festivas, que nos enchem de alegria, pois fazem o álcool subir ao cérebro rapidinho e a gente ficar tão feliz, principalmente quando o estômago está vazio...      


     Tensão no ar.... Vichi! Logo eu, que além de ser um sem Porsche também sou um sem pedigree gastronômico, como nosso amigo leitor bem comentou, agora reclamar da temperatura do vinho no 7º. melhor restaurante do mundo e melhor da América Latina! Penso, ...espero, ...serve mais uma taça e ...nada! O vinho estava morto. Nada das festivas borbulhinhas do vinho espumante darem as caras! 
      N
ão tive opção, chamo o garçon. Mostro a taça e digo que infelizmente não estava correto. O garçon,  lá no D.O.M., só pediu um momento para chamar o sommelier. Diferente do ocorreria em
 Brasília, ainda mais se fosse num contemporâneo aí que visitei, por se sentir acima do bem e do mal, me olharia com desprezo e ódio e me perguntaria “quem é você que ousa criticar algo aqui?” kkkkk 

    Mas ele chamou e o sommelier não veio. Não na hora...
   Tudo o que eu queria era não ter problema! Era ter uma noite prejudicado no Visa, mas feliz da vida com a comida e o serviço. Pronto! Só que aí, com fome, sem o álcool pra relaxar e o cara que não aparece, fui ficando mais irritado. 
     Olhei discretamente pro moço, que fingia não me ver e continuava lá no bar. Olhei de novo e, como ele continuava a não me enxergar, ergui, a princípio, discretamente, o braço. Ele, pressentindo que haveria ali um barraco à altura dos preços, ou seja, um barraco bem estratosférico, se não me enxergasse e resolvesse aparecer, achou por bem vir correndo na hora. E finalmente apresentou-se. Meu companheiro de aventura queria virar avestruz, mas ficou firme ali. Tudo, menos tomar aquele negócio ruim daquele jeito!
    Limitei-me a pegar a taça e mostrar a ele, sem nenhuma ironia e disfarçando muito minha irritação, perguntei se estava correto aquele vinho, justamente aquele sugerido por ele, como um excelente custo-benefício, não demonstrar nenhum esboço de vida... 

    Ele não hesitou. “É... tem algo errado. Vou trazer outro argentino pelo mesmo preço deste, pode ser?”. “Claro, eu disse.” “Se for ok e estiver bem geladinho, manda ver.” E 
estava! O outro espumante veio tinindo de gelado e era muito vivo e equilibrado! Humm, parece que ia dar certo dali pra frente!
    O couvert surpreendeu muito, por ser farto e cheio de surpresas! Ao contrário daquele outro hiper-famoso mencionado acima e que vou escrever depois – onde o couvert foi literalmente pão com manteiga e mais nada, nem azeite! (vc já deve estar imaginando que raio de lugar foi esse tão infeliz assim.... aguarde!!! Rsrs) – no D.O.M. o couvert estava delicioso mesmo! Sabe aquela coisa de vc comer e ter vontade de dizer em voz alta “hummmm, mas que delícia!!!!”? Foi isso! Pãezinhos de queijo quentinhos, tirados do forno na hora. Variedade de pães e patês da casa. E muitos outros belisquetes que infelizmente não anotei, nem fotografei, pois ainda estava meio descrente na noite...
     Aí veio o maître para tirar o pedido. Até então, eu pretendia pedir um prato principal e uma sobremesa e tentar viver depois sem ter que vender meu carro para pagar a conta, mas  meu amigo, aquele, o taurino que adora comer muuuito bem e é cheio do bom gosto, resolveu pedir o menu degustação completo. Uns dez pratos!!! Mais café e petit fours! Afff... Pensei: “ah, tudo bem, a gente separa as contas, ele paga 10 vezes mais que eu e tudo bem...”... até que o maître disse “hum, mas o menu completo só sai se os dois da mesma mesa pedirem”.
      Aí, desculpe, leitor(a)...mas pensei naquela palavra, ou naquele verbo no passado que a gente só consegue dizer aquilo nessas horas, quando não tem outro verbo pra usar, mas que o elegante estilo do site da Pri não me permite dizer aqui... Mas **&¨&¨%%$%$$### messssmo!!!!! Bem, “há malas que vêm de trem”, já diz o ditado, então, bem, vamos à luta! Manda o menu com os 10 pratos mesmo! 
Ah, e detalhe, o menu é tipo “confiance”. Mas uma confiança bem personalizada, onde o cara anota direitinho o que vc não suporta ou não curte muito, e os ingredientes ou temas que vc mais aprecia.
E vamos à festa! 

      Não hoje leitor querido! Aqui quem fala é a Pri! Esse é literalmente um post surpresa! Fala sério!!! Bem na hora dos pratos e principalmente das fotos, vamos fazer uma paradinha estratégica... Esse é o tipo de post que merece dose dupla, né não! PV você é tuuuuuudo de bom! Amanhã, prometo o gran finale, com os pratos do menu confiance e as fotinho que eu sei que vocês adoram! Ah! e nem pense em vudoo, leitor, porque senão não vou conseguir postar a parte II, que está um negócio!!! 

       Obrigada PV, você completa esse blog! 
       Obrigada leitor e não me odeie esse não é seu coração!Até amanhã!


 



10 comentários:

  1. PV, você superou qualquer expectativa... Brilhante! Estou muito orgulhosa de você!!!
    Um beijo carinhoso
    Priscila

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  2. Que texto bem escrito! Ri muito... Sou de São Paulo e já estive no restaurante. Me identifiquei muito com o relatado! Auto nível seu blog.
    Parabéns
    Ângela

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  3. Ah, I would have loved that! What an awesome surprise. Too bad my house another country=(

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  4. I needed a place to vent and collect my thoughts. I still don't really have much of a direction with this... I found my place!
    AWESOME!

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  5. Gente!!! Que upgrade! Participações internacionais... Uhu! PV vai adorar! Tank you! Welcome!
    Ângela, fico feliz que você tenha gostado! Seja bem vinda!

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  6. Meu Deus quanta dificuldade para ir a um restaurante!!!

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  7. Me diverti muito com a leitura! E Parab'nes ao Atala, ele merece!

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  8. Bem vindo PV ao nosso local de encontros e despedidas! Gostei da parceria Pri!
    bjusss.
    Crica

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  9. É queridos! Agradeço os comentários carinhosos! O Tô Nude... hohe conta com um staff campeão, que está com nota dez com estrelinha em harmonia! Agradeço demais a Téia e ao PV que com competência, boa vontade, dedidicação e muuuiiiiiito amor à causa fazem deste blog um cantinho no mundo "internético"cada vez melhor. Nossa sinergia está tinindo!
    Bjk
    Priscila

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